quinta-feira, 29 de junho de 2006

Hospitalários vs Templários

Pese embora a Ordem dos Hospitalários (mais tarde, de Malta) tenha perdurado quase até aos nossos dias, o certo é que não é tão conhecida como a Ordem dos Templários (do Templo), que foi extinta a 3 de Abril de 1312, pela bula Vox Clamantis. De resto, é o processo inquisitorial que antecede a sua dissolução que vem a suscitar enorme curiosidade e a conferir-lhe tamanha fama.
Por isso, será útil fazer a distinção entre as duas Ordens, assinalar o começo duma e doutra na Terra Santa, relatar alguns testemunhos da rivalidade entre elas existente, a sua entrada, presença e convivência em Portugal, o processo inquisitorial à Ordem dos Templários, a sua extinção e a continuidade da Ordem dos Hospitalários.

D. Pedro Manoel de Vilhena, sobrinho neto de D. Pedro Manoel de Vilhena

Árvore de costados de habilitação para admissão na Ordem de Malta de D. Pedro Manoel de Vilhena, sobrinho neto do Grão Mestre D. António Manoel de Vilhena
Museum of the Order of St. John, Londres
Século XVIII
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Dada a frequente confusão que é feita em relação ao parentesco deste D. Pedro Manoel de Vilhena, nomeadamente, com D. Pedro Manoel de Vilhena e D. António Manoel de Vilhena, seus tios avós, o que, diga-se em abono da verdade, não é dificil suceder, vejamos a ascendência paterna de D. Pedro:
--D. Pedro Manoel de Vilhena (irmãos: D. Cristovão Manoel de Vilhena, D. António Manoel de Vilhena, D. João Manoel de Vilhena, Inês Manoel de Vilhena, D. Ana Manoel de Vilhena, D. Antónia Manoel de Vilhena, Henrique Manoel de Vilhena e D. Fernando Manoel de Vilhena), era filho de D. Sancho Manoel de Vilhena e D. Lourença Francisca de Melo.
--D. Sancho Manoel de Vilhena (Pai), era filho de D. Cristovão Manoel de Vilhena, 2º Conde de Vila Flôr, e de Joana de Mascaranhas.
--D. Cristovão Manoel de Vilhena (Avô), 2º Conde de Vila Flôr (irmãos: D. António Manoel de Vilhena, Grão-Mestre da Ordem de Malta, D. Henrique Severim Manoel de Vilhena, Francisco Manoel de Vilhena, D. João Manoel de Vilhena, D. Pedro Manoel de Vilhena, D. Maria Ana de Noronha), era filho de D. Sancho Manoel de Vilhena, 1º Conde de Vila Flôr, e de Ana de Noronha.
--D. Sancho Manoel de Vilhena (Bisavô), 1º Conde de Vila Flôr, era filho de D. Cristovão Manoel de Vilhena, Comendador de Macains e de Joana de Faria.
--D. Cristovão Manoel de Vilhena (Trisavô), era filho de Francisco Manoel de Vilhena, alcaide-mór de Portel, e de Beatriz da Silva Menezes.
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D. Pedro Manoel de Vilhena (1722...), que antecede D. António Manoel de Vilhena (1723...) como Comendador de, entre outras, Frossos (Albergaria-a-Velha), Rossas (Arouca) e Rio Meão (Santa Maria da Feira), e D. João Manoel de Vilhena (1724...), que sucede a este último nestas mesmas Comendas, sobrinhos-netos do renomado Grão-Mestre.
Na imagem, Escudo com as armas dos Vilhenas, colocado no altar-mór da Igreja da Comenda de Rossas.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Rio Meão prepara criação de Associação Cruz de Malta

A pré-apresentação deste projecto será em Outubro, durante um seminário sobre a história deste movimento.

Os estatutos estão alinhavados, pelo que está para breve a formalização da Associação Cruz de Malta, de Rio Meão. O projecto, de âmbito social está a ser preparado há mais de um ano, sendo que a sua pré-apresentação acontecerá em Outubro, altura em que se organizará um seminário sobre o movimento Cruz de Malta.
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Rio Meão, vila pertencente a Santa Maria da Feira, foi uma das primeiras Comendas da Ordem de Malta em Portugal. Primeiramente, unida às de Frossos (Albergaria-a-Velha) e Rossas (Arouca), de que esta última era cabeça. Por isso, e para quem me conhece, não se estranhará a minha ligação a esta vila, também por esta via. Também já por lá andei a procurar os marcos que demarcavam e delimitavam Rio Meão, no tempo em que foi Comenda da Ordem de Malta. Conheço vários.
Contudo, outras ligações me fazem visitar e até permanecer frequentemente em Rio Meão. Hoje mesmo, deslocar-me-ei lá para participar no funeral do Reverendo Pároco da freguesia.
Joaquim de Sousa Lamas, foi o padre que paroquiou aquela freguesia, por mais de cinquenta anos. De resto, pessoa pela qual nutria grande simpatia e admiração.
Em cima, foto da Igreja medieval de Rio Meão, a ostentar, logo acima da porta principal, a Cruz de Malta.
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Apesar de andar muito tempo associada às Comendas de Frossos e Rossas, Rio Meão, sempre ostentou uma cruz de Malta ligeiramente diferente daquelas que ostentavam aquelas outras duas e que vulgarmente vemos associadas à Ordem de Malta. Trata-se, na mesma, da cruz de Malta. Contudo, e não será alheio o facto de andar associada a outras Comendas, ligeiramente diferente.
Em cima, medalha condecorativa com a cruz de Malta ostentada por esta antiga Comenda de Rio Meão.
Tal como acontece noutras localidades, existem várias réplicas e reproduções por toda a vila e associadas a instituições. Também a heráldica da vila a ostenta em primeiro plano.

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Sobre a entrada da Ordem em Portugal - III

Aspecto do Mosteiro de Leça do Bailio no século XIX
por António do Carmo Velho Barbosa, in Memoria Historica da Antiguidade do Mosteiro de Leça, chamada do Balio
(Porto, 1852)
Légua e meia para montante da foz do Leça, na margem esquerda do outrora límpido e famoso rio, tão celebrado, e que Francisco de Sá de Meneses, o da Malaca conquistada, cantou: - Ó rio Leça / Como corres manso! / Se eu tiver descanço / Em ti se começa -, já no século X existia um pequeno ascetério duplex, sob a invocação do Salvador do Mundo, anexado em 1013 ao Mosteiro da Vacariça, e ambos unidos, em 1094, à Sé de Coimbra, pelo Conde D. Raimundo - segundo dizem.
O certo é que a Condessa D. Teresa Afonso, mulher do Conde D. Henrique, doou este Mosteiro de Leça à Ordem do Hospital, em data que se não pode averiguar, mas depois de 1122 e decerto em 1128 (Rui de Azevedo, «Algumas achegas...», RPH, IV,I,pp. 325 e 327). Desde então foi durante largo tempo a casa-mãe da Ordem em Portugal. Em 23 de Julho de 1122, de facto, o Bispo do Porto, D. Hugo, isentava o Mosteiro de Leça do imposto do jantar, recebendo em troca um casal em Valbom, outro em Gondomar, e quatro em Susanis, das mãos do Prior D. Martinho - mas este não era da Ordem, ao contrário do que já se pretendeu (Cfr. Censual do Cabido do Porto, fl.89, p.340, da edição da Bib. Mun. do Porto; Nova Malta...,P.I, #15). Ora, «como é óbvio, o acordo antecedeu a doação, de data incerta, que D. Teresa fez do referido Mosteiro aos freires do Hospital»(Rui de Azevedo, «Algumas achegas...», RPH, IV,I, p.325.).
De qualquer forma, o Mosteiro já estava povoado pelos freires no primeiro quartel do séc.XII, «com muitas herdades, coutos e pertenças».
in ALBUQUERQUE, Martim de, "Portugal e a Ordem de Malta...", Edições Inapa, S.A. 1992. p.113 e 114.
Gravura alegórica com o retrato do Grão-Mestre Pinto da Fonseca, rodeado pela Religião, Minerva, a Fama e a História.

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Sobre a entrada da Ordem em Portugal - II

José Anastácio de Figueiredo Ribeiro publicara 5 anos antes, em 1793, a sua História da Ordem do Hospital, de que só saiu a Parte 1, até ao fim do reinado de D. Sancho II, primeira tentativa crítica da história da Ordem, pois a obra de Frei Lucas de Santa Catarina, ficara também incompleta e merecia pouca confiança na apreciação dos documentos que alegou, errando datas, aceitando diplomas falsos ou apócrifos.
José Anastácio de Figueiredo haveria de refundir aquele seu primeiro estudo, no ano de 1800, nos volumes vulgarmente denominados de Nova Malta onde, apesar da falta dos cartórios já por ele e por João Pedro Ribeiro apontada, produziu eruditíssimo trabalho.
Logo a primeira dificuldade foi a de se averiguar quando a Ordem entrou em Portugal. O Códice trecentista, referido por J. P. Ribeiro, e que José Anastácio denomina Antigo Registro de Leça, sumaria os documentos fundamentais, em lacónicas ementas, sempre sem datas. Os erros acastelam-se.
Aponta-se uma doação de Idanha, feita em 1 de Fevereiro de 1106? a D. Egas Gosendes ou Gondesendes e a D. Mourão Gosendes (ou Gondesendes), e a suas mulheres, passando depois deles à Ordem do Hospital. Tal doação, porém, mereceu a Carl Erdmann o juízo de «cronológica e objectivamente impossível e presumivelmente uma falsificação»(in A ideia de cruzada em Portugal, Coimbra, Instituto Alemão da Univ. de Coimbra, 1840), veredicto que Rui de Azevedo não teve dúvida em perfilhar (in «Algumas achegas para o estudo das origens da Ordem de S. João do Hospital de Jerusalém...», in Revista Portuguesa de História, tomo IV, vol.I (1949), pp.317ss.).
Referem-se ainda outras doações de D. Teresa, em datas incertas, mas anteriores a 1128, tais como Goja (S. Pedro do Sul), Cortegaça (Mortágua), herdades entre Bobadela e Oliveira, e outras, mas pelo menos estas últimas liberalidades foram praticadas pela «rainha» D. Teresa, filha de Sancho I (in «Algumas achegas...», RPH, IV,I,p.326.).
De qualquer forma, parece certo que os Hospitalários entraram em Portugal no primeiro quartel do século XII ou logo após, pouco depois da Ordem do Templo. E aqui, com o decorrer dos anos, tiveram grandes herdades e rendas, prestaram notabilíssimos serviços aos nossos primeiros reis na reconquista aos infiéis, e na colonização da terra.
in ALBUQUERQUE, Martim de, "Portugal e a Ordem de Malta...", Edições Inapa, S.A. 1992. p.110 e ss.

terça-feira, 20 de junho de 2006

Sobre a entrada da Ordem em Portugal

É bastante incerta quanto a Portugal a História dos Hospitalários de Jerusalém nos primeiros tempos.
A quase total destruição dos seus cartórios em 1662, durante a incursão de D. João da Áustria no Crato, não permite esclarecer sequer quando vieram ao condado portucalense e aqui estabeleceram sua casa, quem a doou e coutou.
João Pedro Ribeiro, nas Observações de Diplomática, escrevia já em 1798:
«O cartório da Baliagem de Leça merece bem o título de cartório da confusão. O livro dos Privilégios de 1740 não contem quase documento que pela sua data o não faça suspeitoso. A carta de couto feita pelo Senhor D. Afonso Henriques data da Era de 1148 e a sua confirmação em 1165 não convem com nenhum dos Bispos confirmantes. Uma concórdia dos Hospitalários com o Bispo D. Pedro tem a confirmação de El Rei D. Afonso que não reinava na Era de 1271; outra dos mesmos com o Bispo D. Julião, datada da Era de 1289 tem a confirmação do Senhor D. Dinis e de Santa Isabel, e ambas se fazem suspeitosas pelo seu contexto. No Tombo do ano de 1765 se acham outras cópias, uma da Era de 1374, muito viciada. As mesmas inscrições antigas dos sepulcros que se acham naquela igreja (de Leça) estão transladadas neste Tombo com muitos erros. Acha-se neste Cartório um Índice, mas já truncado que mostra (...) foi o geral da Ordem de Malta em Portugal: é um Livro em fólio de pergaminho, escrito em duas colunas, com iniciais magnificamente debuxadas. Trás primeiramente o que é geral à Ordem; depois, em artigos separados, o que respeita a cada comenda e principado por Leça; seguindo em cada artigo numeração separada de documentos. Compreende actualmente 73 folhas e é um mero Mostrador ou Repositório de títulos (Nenhum deles existe actualmente ali, nem em outro cartório da Ordem, nem na Torre do Tombo, sendo aliás muito interessantes; talvez algum Grão Mestre os mandasse recolher em Malta), apontando só o seu assunto, sem especificar datas. A letra mostra ser do reinado do Senhor D. João I; mas para nem aqui faltar a confusão, se lê no frontispício, em letra moderna, que este livro foi mandado fazer pelo Balio de Leça, Fr. Cristóvão de Cernache Pereira, Grão Chanceler da Ordem, e se lhe assina a data que parece ser de 1551, pois está escrita em algarismo exótico e de que não há outro exemplar nas nossas antiguidades».(in RIBEIRO, João Pedro, "Observações históricas e críticas, para servirem de memórias ao sistema da Diplomática Portuguesa", 1798, p.35.).
in ALBUQUERQUE, Martim de, "Portugal e a Ordem de Malta...", Edições Inapa, S.A. 1992. p.110.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

Comendas existentes em finais do séc.XVIII

Segundo o códice da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, a Ordem de Malta teria, ao tempo em que era Prior do Crato o Infante D. Pedro (futuro D. Pedro III), além do Priorado do Crato e da Bailiagem de Leça, as seguintes comendas:
Vera Cruz, S. João de Alporão, Elas e Montouto, Algoso, Távora, Oleiros, Oliveira do Hospital, Poiares, Rossas, Barrô, Vila Cova, Moura Morta, Corveira, Águas Santas, Chavão, Sernancelhe, Fregim, Torres Vedras, Ansemil, Covilhã, Trancoso, Aldeia Velha, Fontes
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Já o Pe. António Lourenço Farinha, sem indicação de fonte, refere que nos finais do século XVIII a Ordem tinha 32 comendas não contando com o Grão Priorado do Crato e comendas anexas, apontando um rendimento anual na casa de 95 contos, quantia impressionante para o tempo:
Leça e Lango, Acre e Fregim, Abreiro, Águas Santas, Barró, Vera Cruz, Sernancelhe, Chavão, S. Cristovam, Covilhã, Elvas e Montoito, Santa Eulália, Freixiel, Fontes, Frossos e Rossas, S. João de Carvoeira, Alvações, Aldeia Velha, Algoso e Moura Morta, Ansemil, Moura Morta, Oleiros, Oliveira do Hospital, Poiares, Rio Meão, S. João de Alporão, Tavora, Torres Vedras, Trancoso, Vila Cova, Vilarinho dos Freires, Vera Cruz e Portel.
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Uma pesquisa recente, além do Bailiado de Leça e do Priorado do Crato - possuidor ele próprio de 25 comendas - inventaria mais de setenta comendas distribuídas por diversas épocas.

terça-feira, 13 de junho de 2006

Castelo de Sernancelhe, Sernancelhe, Viseu

 
As ruínas daquele que foi o Castelo de Sernancelhe localizam-se na povoação, freguesia e concelho de mesmo nome, no distrito de Viseu.
Erguido no extremo Sul da região do Douro, vizinho à serra da Lapa e ao caminho que ligava a Guarda a Lamego, guardava a foz do rio Távora no século X.
A primitiva ocupação humana de seu sítio remonta ao Neolítico, posteriormente romanizada. Remonta a 960 a noticia sobre a primitiva fortificação de Sernancelhe. Por via de seus testamento D. Flâmula manda vender os seus castelos de Riba Douro e Sernancelhe. Em finais do século X, a fortificação de Sernancelhe é tomada por Almansor e, posteriormente, reconquistado pelos cristãos quando em 1055 o rei Leonês Fernando I expulsa os mouros da região. A 26 de Outubro de 1124 é atribuído o primeiro foral a Sernancelhe, que viria a ser confirmado por D. Afonso II no ano de 1220. Em 1514 D. Manuel I deu novo foral ao concelho, sem que tenha introduzido alterações importantes.
No imaginário popular local persistem as lendas sobre as lutas entre cristãos e mouros, que remontam à época da Reconquista. Foi então, nesse contexto, reconstruída a fortificação de Sernancelhe pelos Cavaleiros da Ordem dos Hospitalários, em pedra de granito.
Actualmente, embora a suas ruínas não estejam classificadas, nem constem dos atuais roteiros turísticos da Câmara Municipal, vale a pena passar pelo local e observar muito do que ainda subsiste, nomeadamente alguns muros ameados e a Porta do Sol.
Sernancelhe conheceu ao longo da sua história várias alterações administrativas que modificaram por completo a organização do município. Fonte Arcada, Lapa, Vila da Ponte e Sernancelhe chegaram a ser vilas, tiveram juiz, tabelião, escrivão, almotacés e sargento-mor de ordenanças. A Fonte Arcada D. Sancha Vermuiz concedeu foral em 1193. Nas inquirições de D. Dinis, o julgado de Fonte Arcada possuía seis aldeias. No ano de 1855 o concelho é extinto e as suas terras são incorporadas no de Sernancelhe.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

Demarcação territorial

Os territórios pertencentes à Ordem de Malta eram delimitados com Marcos de Pedra em todo o seu redor. A imagem supra é de um desses marcos, que ainda hoje se encontra no seu local original, nos limites da freguesia de Rossas, concelho de Arouca. De resto, ainda recentemente (de 2003 a 2005) foram achados e inventariados 22 marcos dos 46 referidos no Auto de Demarcação de 1630. Na maior parte dos casos, encontram-se no sítio original e em bom estado de conservação.
"A demarcação de 1630 foi realizada em três etapas. Iniciou-se no dia 18 de Janeiro desde a Ponte Ribeira até à Pedra Má, pelo lado de Santa Marinha de Tropeço e Várzea; continuou no dia seguinte, partindo da pedra Má até ao rio que vem da Póvoa, dividindo Rossas das freguesias de Várzea e S. Miguel de Urrô; ultimou-se no dia 16 de Fevereiro, começando “na banda d’alem do rio da Póvoa ao fundo do Alqueve” e terminando na Ponte Ribeira, dividindo Rossas da parte que faltava de S. Miguel de Urrô e das freguesias de Cepelos e Chave. No decorrer de toda a linha divisória foram levantados quarenta e um marcos e, além disso, abriram-se cinco hábitos de Malta em penedos existentes nos limites. Os marcos, com excepção talvez de dois, eram de granito com forma de paralelepípedos e com uma das faces trabalhada. Na parte superior desta face sobressai, duma zona circular cavada, uma cruz de Malta em relevo. Logo abaixo do círculo abriu-se em todos a data 1629. Nos penedos aproveitados como marcos abriu-se apenas o hábito, isto é, cavou-se um círculo deixando a cruz em relevo, e gravou-se por baixo a mesma data.
A face trabalhada dos marcos ficou voltada para as terras da freguesia e a direcção da esquina direita dessa face, indicava o sentido da divisória, segundo a ordem da colocação dos marcos. Dos que sobejam, nem todos estão de acordo com esta orientação.
A demarcação realizou-se em 1630. Os marcos têm gravado a data 1629. Tinham sido preparados nesse ano e com tal data, na ideia de que a demarcação se realizaria em 1629. Foi adiada para 1630. Daí, a divergência da data gravada nos marcos com a data da demarcação.Para além desta, nesta Comenda, foram ainda realizadas Demarcações em 1656, 1702 e 1769."

in "Rossas - Inventário Natural, Patrimonial e Sociológico", de A. J. Brandão de Pinho.

Heráldicas - marcas actuais de uma presença passada

Fregim é uma freguesia do concelho de Amarante, com 8,47 km² de área e 2 507 habitantes (2001). Densidade: 296,0 hab/km².











Águas Santas é uma vila no concelho da Maia, com 7,86 km² de área e 25 249 habitantes (2001). Densidade: 3 212,3 hab/km².
Alcafache é uma freguesia do concelho de Mangualde, com 12,94 km² de área e 1 029 habitantes (2001). Densidade: 79,5 hab/km².

terça-feira, 6 de junho de 2006

Leça do Balio é uma freguesia do concelho de Matosinhos, Distrito do Porto, com 8,88 km² de área e 15 673 habitantes (2001). Densidade: 1 765,0 hab/km². Até 13 de Maio de 1999, a sua designação oficial era de Leça do Bailio.
Foi sede do antigo couto de Leça do Balio que existiu entre 1123 e 1835. Era constituído pelas freguesias de Aldoar, Custóias, Infesta e Leça do Balio. Tinha, em 1801, 2 982 habitantes.






Rossas é uma freguesia do concelho de Arouca, Distrito de Aveiro, com 16,23 km² de área e 1 693 habitantes (2001). Densidade: 104,3 hab/km².









Maceda é uma freguesia do concelho de Ovar, com 15,34 km² de área e 3 687 habitantes (2001). Densidade populacional: 240,35 habitantes/km². Foi elevada a vila a 13 de Maio de 1999.
A mais antiga referência conhecida sobre Maceira data de 1053, em que expressamente se faz excepção às terras situadas entre a «vila de Parâmio» e a «vila de Mazaneda». Outros documentos, datados de 1055 e 1063, referem-se igualmente a esta freguesia, respectivamente, com os nomes Manzaneta e Mazaneda. O actual nome de «Maceda» parece, aliás, ter derivado do baixo latim, onde Mattiana dá lugar a Mattianeta.
No século XII Maceda tem já igreja paroquial documentada, que terá sido doada aos Hospitalários, ainda antes do século XIII, conforme se pode verificar em documento encontrado no antigo cartório de Leça por José Anastácio de Figueiredo.
Mais tarde, como refere Paulo de Niza, em Portugal Sacro e Profano, Tomo II, de 1768, a paróquia dependia do Comendador da Ordem de Malta de Rio Meão, prolongando-se até ao momento em que, por nova divisão eclesiástica, foi transferida para a diocese do Porto.
Sinais da presença da Ordem de Malta podem ser verificados ainda hoje nos marcos de granito datados de 1629 e encimados pela cruz maltina, existentes no limite da freguesia, a nascente, com Espargo, São João de Ver e Rio Meão. Também na actual Igreja Matriz sobrelevando a porta principal, podemos observar a cruz maltina, talhada em granito, muito embora o templo tenha sido construído no século XX (em 1923).

Frossos é uma freguesia do concelho de Albergaria-a-Velha, Distrito de Aveiro, com 7,95 km² de área e 964 habitantes (2001). Densidade: 121,3 hab/km².
Foi vila e sede de concelho entre 1124 e 1836. Era constituído apenas pela freguesia da sede e tinha, em 1801, 378 habitantes. Em 1836 a freguesia foi anexada ao concelho de Angeja, também entretanto suprimido.





Sernancelhe é uma vila do Distrito de Viseu, Região Norte e subregião do Douro, com cerca de 1 200 habitantes.
É sede de um município com 231,42 km² de área e 6 227 habitantes (2001), subdividido em 17 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Tabuaço e São João da Pesqueira, a leste por Penedono e Trancoso, a sul por Aguiar da Beira, a sudoeste por Sátão e a noroeste por Moimenta da Beira.

Oliveira do Hospital é uma cidade no Distrito de Coimbra, região Centro e subregião do Pinhal Interior Norte, com cerca de 4 400 habitantes.
É sede de um município com 234,55 km² de área e 22 112 habitantes (2001), subdividido em 21 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Nelas, a leste por Seia, a sul por Arganil, a oeste pela Tábua e a noroeste por Carregal do Sal.
Nasce a actual sede de concelho na época da 2ª. Cruzada, quando, em São João de Jerusalém, na Terra Santa, é fundado um hospital que irá receber os peregrinos doentes, estropiados e vítimas, por vezes, de ataques e assaltos em tão longa caminhada que os levará junto do Santo Sepulcro.

Oliveira do Hospital é uma freguesia do concelho de Oliveira do Hospital, com 8,77 km² de área e 4 390 habitantes (2001). Densidade: 500,6 hab/km².
O primitivo nome da povoação havia sido Ulvária, que significa terreno alagadiço onde há ulvas (plantas que se desenvolvem naquele ambiente); de Ulvária terá derivado para Ulveira ou Hulueira e daqui, por analogia, deturpação ou afinidade sónica, para Oliveira. O nome “do Hospital”, ou “do Espital” resulta exactamente da atribuição de uma Comenda à Ordem dos Monges de São João de Jerusalém, a Ordem dos Hospitalários.
Os Monges desta Ordem (a mais importante e estimada das três Ordens militares que se fundaram em Jerusalém após a tomada e recristianização desta cidade pelos Cruzados, a 15 de Julho de 1099), pela relevância da sua benemérita vocação, não só se espalharam pelos diversos territórios onde a reconquista cristã ainda não tinha terminado, como também, por reconhecimento do seu mérito, são prodigamente amparados pelas frequentes doações e heranças com que reis e grandes dignatários da corte os contemplam. Foi assim que, no ano 1120 ou 1122, segundo referem alguns autores, a rainha D. Teresa, na menoridade de seu filho D. Afonso Henriques, fez doação de um povoado chamado Vlueyra do Spital aos cavaleiros da Ordem dos Hospitalários. in "Notas Históricas", JFOH

Oleiros é uma vila pertencente ao Distrito de Castelo Branco, região Centro e subregião do Pinhal Interior Sul, com cerca de 2 500 habitantes.
É sede de um município com 465,52 km² de área e 6 677 habitantes (2001), subdividido em 12 freguesias. O município é limitado a norte pelo município do Fundão, a leste por Castelo Branco, a sul por Proença-a-Nova, a sudoeste pela Sertã e a noroeste por Pampilhosa da Serra.


O Estreito é uma freguesia do concelho de Oleiros, com 68,73 km² de área e 969 habitantes (2001). Densidade: 14,1 hab/km².

Oleiros é uma freguesia do concelho de Oleiros, com 119,39 km² de área e 2 470 habitantes (2001). Densidade: 20,7 hab/km².

Proença-a-Nova é uma freguesia do concelho de Proença-a-Nova, com 153,67 km² de área e' 11 675 habitantes (2001). Densidade: 30,4 hab/km².









O Crato é uma vila no Distrito de Portalegre, região Alentejo e subregião do Alto Alentejo, com cerca de 1 800 habitantes.
É sede de um município com 388,03 km² de área e 4 348 habitantes (2001), subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a nordeste pelos municípios de Gavião, Nisa e Castelo de Vide, a leste por Portalegre, a sueste por Monforte e a sudoeste por Alter do Chão e Ponte de Sor.
A vila do Crato é povoação muito antiga, com testemunhos arqueológicos que remontam ao megalitismo. A existência de duas antas, provam que o território foi povoado desde o Neolítico. Neste local existiu uma outra povoação, que se crê edificada pelos cartagineses.
Da época do domínio romano, existem as pontes das ribeiras de Seda e Chocanal e os restos da ''vila'' romana da Granja. Passou pelo domínio godo. No séc. VIII os árabes desbarataram os godos e destruíram Crato (716). Permaneceu em poder dos mouros até à conquista de D. Afonso Henriques (1160), que reedificou a povoação. No reinado de D. Sancho II, o Crato achava-se de novo arruinado, pela luta entre cristãos e mouros. Com a preocupação do repovoamento, D. Sancho II cedeu aos cavaleiros da Ordem do Hospital um extenso território que daria origem mais tarde a uma nova povoação que, por determinação do rei se chamaria ''Ucrate'' (0 Crato).
No séc. XVI passou a ser sede da Ordem do Hospital, mais tarde chamada de Malta. O então Mestre da Ordem D. Álvaro Gonçalves Pereira, o primeiro a usar o titulo de Prior do Crato, foi quem deu começo à fortificação que estava arruinada. Foi, porém, D. Nuno de Góis, quem mandou executar as grandes obras de fortificação. Em 29 de Junho de 1662 D. João de Áustria, cercou e exigiu a rendição do Crato. Estas forças saquearam e incendiaram a Vila. A recuperação foi lenta. Hoje o Crato cuida e conserve quanto sobrou, de um passado riquíssimo.

O Crato e Mártires é uma freguesia do concelho do Crato, com 169,11 km² de área e 1 804 habitantes (2001). Densidade: 10,7 hab/km².

O Gavião é uma vila no Distrito de Portalegre, região Alentejo e subregião do Alto Alentejo, com cerca de 1 800 habitantes.
É sede de um município com 293,55 km² de área e 4 887 habitantes (2001), subdividido em 5 freguesias. O município é limitado a oeste e norte pelo município de Mação, a leste por Nisa, a sueste pelo Crato, a sudoeste por Ponte de Sôr e a oeste por Abrantes.
Gavião recebeu foral de D. Manuel I em 23 de Novembro de 1519.
O seu povoamento terá começado por volta do século XII, quando o território estava incluído no termo de Guidintesta, uma vasta região compreendida entre os rios Tejo e Zêzere, doada por D. Sancho I à ordem dos freires-cavaleiros de S. João do Hospital com o intuito da salvaguarda do território das investidas muçulmanas
Ao contrário de outras povoações, Gavião foi aumentando a sua importância com o decorrer dos séculos, como demonstra o Foral de 23 de Novembro de 1519, durante o reinado de D. Manuel I, que instituiu a vila e, por arrastamento dotou-a de todos os privilégios e direitos inerentes à categoria de concelho. in www.cm-gaviao.pt

Crato e Flôr da Rosa


A 23 de Maio de 1232 D. Sancho II doa o Crato à Ordem do Hospital. Em sequência desta doação, Mem Gonçalves, Prior da Ordem, dá Foral à Vila do Crato, no dia 8 de Dezembro desse mesmo ano. De imediato se procedeu à construção do castelo. Depois da batalha do Salado, em 1340, a sede da ordem é transferida por D. Afonso IV de Leça do Balio para o Crato. Nasce assim a designação de Priorado do Crato que conta com 23 Comendas e as seguintes terras e seus termos - Crato, Gáfete, Tolosa, Amieira, Gavião, Belver, Envendos, Carvoeiro, Sertã, Pedrógão Pequeno, Proença-a-Nova, Cardigos e Álvaro.O Grão-Prior do Crato tinha poder espiritual e temporal, com jurisdição episcopal, motivo pelo qual não estava subordinado a prelado algum.
Posteriormente, em 1354 a sede da Ordem muda para Flor da Rosa e em 1439 volta para o Crato, ano em que são destruídas pela invasão do Infante D. Pedro as muralhas e o castelo edificados D. Nuno de Góis, mas o castelo volta a ser reconstruído e novas muralhas são erguidas.D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior do Crato, ergueu para sede da Ordem o imponente Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa e posteriormente o Palácio do Grão Prior, este atribuído ao arquitecto Miguel Arruda e do qual resta apenas a varanda e um janelão.D. Manuel I concede novo foral ao Crato em 15 de Dezembro de 1512 e a vila é palco para o seu casamento em 1518, tal como para o de D. João III em 1525.No séc. XVI a Ordem passa a designar-se como Ordem de Malta e durante a Guerra da Restauração a invasão da vila pelas tropas de D. João de Áustria leva à destruição de vários edifícios como o castelo e os cartórios da Ordem de Malta.
O concelho do Crato possui uma área de 388 quilómetros quadrados e 4.384 habitantes nas suas seis freguesias - Aldeia da Mata, Crato e Mártires, Flor da Rosa, Gáfete, Monte da Pedra e Vale do Peso.O concelho limita com os concelhos Alter do Chão, Monforte, Nisa, Castelo de Vide, Gavião, Ponte de Sor e Portalegre. fonte: Jornal "Fonte Nova"

Leça do Balio - 1ª Sede em Portugal


De documentos muito antigos infere-se que o fundador da nobre casa conventual foi um daqueles poderosos ricos - homens de Leão e Aragão que, desde o reinado de D. Afonso III, O Grande, até o de Bermudo II, tanto trabalharam para consolidar a formidável obra de libertação e cristianização, começada por Pelágio.
Ali vegetava obscuramente, abstraída nas práticas da vida monástica, uma comunidade sujeita á regra de S. Bento. Era um mosteiro “duplex”, isto é, de monges e monjas, como tantos outros da mesma época. Chamavam-lhe usualmente “Convento do Salvador” por ter então a invocação de Cristo, sob designação de Salvador do Mundo.
Estamos pois no limiar do sec. X. Este mosteiro teria sido fundado pelos antepassados de D. Tructesindo Osores, tendo transitado o direito de padroado para este herdeiro e sua mulher D. Unisco Mendes.
O primeiro documento sobre o Mosteiro é de 18 de Março de 1003. É uma doação de D. Famula de Deos Vigília, viúva de Lovegildo que diz: “...cuja basílica está fundada no lugar de Recaredi, debaixo do Monte Costodias, território do Porto, junto á corrente do rio Leça e lhe damos a nossa herdade que temos em Recaredi e damos tudo aos Presbyteros, Frades e Freiras perseveraram em vida sancta...”.
Por um diploma de 1016 sabe-se que D. Unisco Mendes era sua padroeira. Por outro lado, de 1021, o mosteiro de Leça e outros bens são doados ao da Vacariça pela dita D. Unisco Mendes, já viúva de D. Tructesindo e por seus filhos Azeredo Tructezindes e Patrina. Há outras doações de 1034, 1039, 1041, 1045, 1055, 1063, 1088, (Gunsalvo e sua mulher Elio, Vermudos e mulher Ermesinda doaram-lhe vários prédios em Custóias, território Portucalense, e umas salinas na foz do Leça e outras doações de Alamiro, Tanor e Godinho), 1091, 1095 (Gonçalo Auroniz dá-lhe uma herdade em Recarei, que já de seus trisavós, Alvieto, Lovegildo, Gondesendo Pires, Gonçalo Godinho, Vermudo Pelaio, Godinho Sismandiz e Mendo Tructesindes, herdades em Recarei, Gondivai, Custóias, Real e Gonçalves). Em 1040 foi disputado ao mosteiro da Vacariça o seu direito de padroado sobre o de Leça e no pleito se confirmou a doação de D. Unisco Mendes e filhos. Em 1093 ainda se dispunha do de Leça (deste recebia metade das rendas, por acordo e 1091, firmado por Zolemia, prior em Leça, pois nessa data concedeu um terreno para certos homens fazerem uma vinha.
Todavia, em 1094 o padroado foi transmitido à Sé de Coimbra, porque em Novembro desse ano D. Raimundo, conde da Galiza, e sua mulher D. Urraca, à dita se doaram o mosteiro da Vacariça com todas as suas pertenças. O facto ocorreu, decerto, para escassearem as rendas em Leça, absorvidas pela mitra conimbricence, e, portanto para o abandono do mosteiro, o qual, entre 1112 e 1116, foi doado pela rainha D. Teresa à Ordem do Hospital de S. João de Jerusalm (depois de Malta).“...carta em como a Condessa D. Tareja Affonso molher do conde Dom Anrrique deu o mosteiro de Lessa ao Spital”A Mesma D. Teresa deu ainda à mesma ordem, Cortegaça, tremo da Penacova, bem como uma herdade que tinha em Seia e a igreja de Ameixedo (Barroso).
Todos os documentos anteriores ao mês de Maio de 1118, tratam D. Teresa esposa de D. Henrique, por condessa o que não será de estranhar, se levar-mos em conta o seu casamento com um conde. Só depois desta data, é que aparece com o designativo de rainha.
Até então há notícia dos seguintes prelados em Leça: Oseredo Tructezindes (se não foi regular, governou como seu familiar e padroeiro), D. Tudeilo ou Tudegildo (Dom abade da Vacariça), Cidi (como prior assinou em 1089), Gutino (como prepósito ou prior), D. Guntini ( Dom abade no final do sec. XI), D. Rodrigo (Dom abade lembrado num diploma em 1103). Parece o D. Guntino ter feito obras no mosteiro e Ter renovado a igreja, pois um documento de 1091 refere-se a certas relíquias por ele postas em altares sagrados. Era natural ao fim de dois séculos, a ruína de uma pequena igreja, erguida opor simples devoção. Na verdade, ainda existem, no local do mosteiro (hoje propriedade dos herdeiros do eng. Ezequiel Campos), alguns restos arquitecturais do tipo românico do sec. XII.D. Afonso Henriques deu carta de Couto, separado da cidade do Porto em 1123 sendo prior D. Aires o que valeu a confirmação das doações recebidas e ampliação das mesmas. Em 1157, D. Afonso Henriques e D. Mafalda fizeram doação do couto do mosteiro ao procurador D. Raimundo e ao prior de Portugal e Galiza D Ayres, da Ordem de Jerusalém. Este couto foi confirmado em 1166 ( Couto de Santa Maria de Leça do Balio).
“ Consta do tombo deste Baliado dar o Senhor Rey Dom Affonso Henriques esta igreja a Dom Raimundo (conde e senhor da Galiza), Provedor dos Santos pobres e da Santa cidade de Jerusalém, e a Dom Ayres Prior de Portugal e Galiza, e lhe deu terras pençoens, e lhas coutou no ano de 1166 e lhe deo jurisdiçam Cível e poder de pôr ouvidor que conhecesse de appellaçoens e agravos e alimpasse pautas e confirmasse juizes e vereadores, que se elegessem pellopovo na camera destedito Couto de Lessa, e assim sam os venerandos Balios senhores donatários e capitaens mores deste Couto.”Portanto Leça do Balio foi couto do mosteiro de Santa Maria de Leça, cujo território coutado abrangia esta freguesia e mais as de Custóias, S. Mamede Infesta, Barreiros, S. Faustino de Gueifães, um tesourado a primeira e abadias as quatro restantes, todas elas da antiga comarca da Maia. Foram inumeráveis os privilégios concedidos pelos nossos primeiros monarcas e pelos pontífices, aos cavaleiros da Ordem de S. João de Jerusalém.

O convento de Leça foi reedificado por D. Gualdim Paes de Marecos, em 1180 e dedicado a Santa Maria. No ano de 1192, D. Sancho I outorgou a D. Rodrigo Paes, prior da Ordem do Hospital a carta de confirmação do foro que seu pai dera a D. Raimundo, senhorio real nos seus coutos. O mesmo D. Sancho I reformou e ampliou a Igreja e casa de Santa Maria de Leça do Balio em 1212.
A Estevão Vasques Pimentel, investido na qualidade de Bailio de Leça, se devem as importantes obras que, pelos anos 1330, ampliaram o secular mosteiro dos beneditinos, e foi que se ergueu, em substituição da primitiva igreja, arruinada e sem grandeza, o admirável templo que, ainda hoje, depois de ter resistido longamente ás injúrias do tempo e dos homens, se oferece ao nosso respeito e ao nosso orgulho como padrão de uma época enobrecida por altos heróicos ideais.
Há quem pretenda que a grande torre forte, erecta ao lado do templo, foi também então pelo mesmo bailio – poderá aceitar-se esta opinião? – Tudo nos induz a responder negativamente. É certo que o pensamento religioso de que nasceu a igreja não se contradiziam nem repeliam na época distante da fundação; mas , sem embargo disso, há entre as duas construções diferenças que as desirmanam e que se não escondem a olhos experimentados.
Demais, o que se conhece da história do mosteiro confirma inteiramente esta versão, bem mais plausível, que limita a meras reparações as obras ordenadas por D. Frei Estêvão nessa parte do monumento. Com efeito, aquele inabalável giganta da pedra, que foi talvez a albarrã das antigas fortificações conventuais, deve possuir alicerces muito mais antigos; a sua fundação data provavelmente do tempo em que o mosteiro passou dos pacíficos beneditinos, que a princípio o ocuparam, para os monges guerreiros de S. João de Jerusalém.
O falecido escritor Arnaldo Gama, que exumou os velhos arquivos e acumulou em belos romances os mais preciosos subsídios para o estudo ou reconstituição do passado histórico do Porto, visiona assim, na sua conhecida novela “O Bailio de Leça, a configuração do mosteiro do segundo quartel do sec. XIV”:“ A forte e grossa muralha da cerca, que rodeava, toda dentilhada de ameias, era flanqueada por quatro grandes torres cobertas de seteias. Em cada uma das quarelas do muro viam-se abertas umas poucas de balhesteiras, dispostas de forma que ninguém podia aproximar-se sem que fosse imediatamente encravado pelas setas e virotões dos defensores, que delas os despediam sem perigo. A cave era larga e funda, e a barbacã que a parapeitava, grossa e forte, e ademais defendida por pequenos cubelos ou caramanchões que aqui e ali se erguiam sobre ela. O alcácer fortificado, a que a cerca servia de cinto, era uma alta e fortíssima torre, rodeada de um vasto edifício, ou antes de uma grande aglomeração de edifícios, uns mais altos e outros mais baixos, mas todos solidamente construídos e capazes de duradoura defesa.
Do meio deles destacava meio corpo para o vasto patim do castelo. Sobre os muros deste edifício abriam-se aqui e ali irregularmente, um sem número de frestas e de janelas ogivadas, algumas delas defendidas por grossos varões de ferro.Sobre a frontaria da igreja, e no cimo do muro ponteagudo do campanário gótico, campeava a cruz de oito pontas dos cavaleiros da Ordem Militar do Hospital de S. João Baptista de Jerusalém, conhecida séculos depois pela Ordem de Malta.A mesma cruz via-se esculpida sobre a frontaria da torre de menagem ou alcácer fortificado e sobre diferentes lugares dos muros”.
A importância de Leça no dealbar do século XVI justifica mesmo que, em 4 de Junho de 1519, o Rei D. Manuel lhe atribuía uma carta de foral. Mais do que isso ainda no primeiro quartel deste século, e para fins administrativos, Leça será mesmo constituída em município com julgado próprio e composta por três freguesias: a sede, S. Mamede de Infesta e a de Custóias. Cada uma das três freguesias elegia dois vereadores e os seis elegiam outro, que servia de juiz ordinário do julgado. Julga-se que a sede desse julgado seria no lugar de S. Sebastião. Independentemente da importância administrativa de Leça do Balio (o município manter-se-á durante cerca de duzentos anos) o Couto do Mosteiro mantém o seu domínio económico nesta freguesia e nas suas vizinhas que continuam a pagar a renda do baliado pela utilização e cultivo das terras.
Por falecimento do Prior D. Frei Estêvão Vasques Pimentel ou pouco tempo depois, erigiu-se o Crato em Grão - Priorado, e Leça ficou sendo Comenda até 15 de Outubro de 1571, data em que foi erecta em Baliado e seu primeiro Balio foi D. Pedro de Mesquita.
No primeiro quartel do Sec. XVII, sendo Balio de Leça D. Fr. Álvares de Távora, moveu pleito ao mosteiro a Câmara do Porto, por causa do couto baldadamente.
No princípio do sec. XVII, outro Balio pertencente á família dos Távora , empreendeu grandes obras em toda a casa conventual de Leça, mas, os trabalhos de preparação de que o edifício da igreja porventura participou, não deixaram sinais de qualquer benefício ou dano estético. Apenas por capricho devoto do Balio ou dos seus conselheiros, foi desterrada nessa ocasião para a sacristia , a imagem da N. Sra. Da Assunção.
Em 4 de Novembro de 1740, D. João V, a pedido do Balio D. Lopo de Almeida, determinou que todos os foreiros requeressem o encabeçamento dos prazos de vida. Assim, ordenou que todos os indivíduos possuidores, de título de aforamento, de prazos ou propriedades em qualquer parte foreiras á baliagem de Leça, ficariam obrigados, num período de trinta dias, a irem perante o suplicante (o citado Balio D. Lopo de Almeida) requerer o encabeçamento dos bens que possuíssem para celebrarem as respectivas escrituras, consoante os títulos, e , mais todas as pessoas que dessa data em diante houverem alguns ditos prazos, dentro dos mesmos trinta dias, que começariam a ser contados a partir do dia em viessem a possuí-los, teriam de por de igual maneira, os títulos para declarar a posse deles e as condições em que os receberam, bem como á dixação de novos foros.
Se os foreiros não fossem prestes em declarar, no mencionado tempo, o novo encabeçamento dos bens trespassados, perdiam a renda do prazo relativa a um ano, sendo metade da multa para o suplicante e outra para o Hospital Real de Todos os Santos, de Lisboa.
E, para que todos ficassem cientes, o suplicante faria publicar editais com estas determinações, nas freguesias em que residissem foreiros á Baliagem.
Não admira a abundância de caseiros do mosteiro de Leça, portanto, se consultar-mos o Corpus Codicum na parte referente ás Inquisições Régias ordenadas por Afonso III em 1258, verifica-se que é raríssima a “Villa” em território da antiga terra da Maia e que não tenha casais ou herdades doadas até meados do Sec. XIII, à Ordem do Hospital.
O Mosteiro de Moreira (Maia) e o Convento de Vairão (Vila do Conde) neste particular, embora em escala mais restrita, de igual modo foram bafejados com doações de terras na mesma região Maiata, região enormíssima, que nessa época distante, se estendia do Rio Ave até ao Rio Douro desde Santo Tirso até ao Atlântico.
Na sequência do triunfo liberal, Leça do Balio assiste á extinção das ordens religiosas, e logo, dos privilégios e direitos que a ordem do Hospital ainda possuía sobre a freguesia e em 1835 é integrada no concelho de Bouças – actual Matosinhos.Nos anos 30 foi efectuada uma obra de restauro de todo o monumento pela Direcção Geral dos Monumentos Históricos.
Em 1996, o mosteiro começou a ter obras de beneficiação suportadas pela UNICER, ao abrigo da Lei do Mecenato. Como curiosidade, é a família Vieira que zela pelo mosteiro á quatro gerações. in Junta de Freguesia de Leça do Balio

domingo, 4 de junho de 2006

D. António Manuel de Vilhena, o mais notado Grão-Mestre

António Manuel de Vilhena de Noronha, 66º Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros de São João Baptista de Jerusalém, foi um abastado, talentoso e amado, mas integro, aristocrata português de descendência real.
Nasceu em Lisboa a 28 de Maio de 1663, e morreu em Malta a 12 de Dezembro de 1736. Filho de D. Ana de Noronha e de D. Sancho Manuel de Vilhena de Faria, Conde de Vila Flor e Comendador de São Nicolau de Cabeceiras de Baixo, foi um militar de elevada craveira tendo-se distinguido nas batalhas das linhas de Elvas e de Ameixial.
Foi o terceiro Grão-Mestre da Ordem de Malta de origem portuguesa (e não o segundo como se refere aqui, por ignorarem Luis Mendez de Vasconcelos, 54º Grão-Mestre), entre 1722 e 1736, sendo conhecido por Grão-Mestre "Manoel" de Vilhena.
Desde de tenra idade que se alistou na Ordem de S. João de Jerusalém, seguindo ainda jovem para Malta. Na armada maltesa, aos 24 anos já capitaneava um navio que partiu à conquista da Moreia. A sua bravura permitiu-lhe ascensão até ao cargo de Grão-Chanceler da Ordem, em 1703, sendo posteriormente governador do Tesouro. Em 1722, por eleição unânime foi nomeado Grão-Mestre da Ordem de Malta, premiando a sua inquestionável capacidade administrativa e militar.
Tornou-se conhecido em todo o continente europeu pela valentia, mestria e propósito com que combateu um ataque dos turcos, saindo vitorioso e estabelecendo uma trégua de 20 anos com o Grão-Vizir de Constantinopla. Ganharam fama as investidas, que por sua ordem e liderança, os esquadrões malteses acometiam sobre os denominados infiéis, sobremaneira corsários turcos, resgatando grande número de cristãos e espólio de guerra, Embora Malta estivesse de alguma forma bem defendida, com inúmeras fortificações, D. Manuel de Vilhena determinou que a ilha deveria estar protegida contra quaisquer tentativas perpetradas pelos turcos. Assim, dedicou-se à construção de uma das maiores construções defensivas de Malta, o Forte Manoel, obra por ele totalmente custeada.
Entre a grei maltesa, ele foi um benevolente e popular líder, correspondendo à crescente procura de habitação em La Valletta, elaborou um projecto para a construção em Floriana, nos arredores da capital, de um subúrbio ainda hoje chamado de "Citta Vilhena". Ao nível de outras infra-estruturas essenciais para a população, o Grão-Mestre zelou pela constante melhoria de condições de saúde pública e de desenvolvimento social da ilha. Prova do seu interesse pelo bem-estar geral da nação, a edificação de um dos mais importantes palcos culturais do mundo naquela época , o Teatro Manoel.
Em reconhecimento pelos seus notáveis actos de governação, o Papa Benedito XIII concedeu-lhe um distinção apenas digna da realeza, tendo D. Manuel sido o primeiro Grão-Mestre de Malta a merecer tamanha honra. D. Manuel de Vilhena granjeou a admiração de todos os monarcas europeus, incluindo Luis XIV de França, com o qual manteve duradoura amizade.
A afeição que, tanto o povo maltês como os membros da Ordem, nutriam por ele, ficou eternamente patenteada no magnífico mausoléu que lhe foi dedicado na Igreja de São João, em La Valletta, comparável ao dos Médicis de Florença, e considerado o maior e mais deslumbrante túmulo de todos os Grão-Mestres da Ordem de Malta. A inscrição que ali consta dá conta da dimensão deste personagem: "ele não foi eleito, nasceu Príncipe."
Os seus atributos éticos, governativos e militares ficaram registados na história deste pequeno país, pois passados quase 300 anos continua sendo uma figura incontornável do quotidiano Maltês. in Halcon Viagens
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Selecção dos maiores exemplos da intervenção de Vilhena:
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Forte Manoel
Ocupando uma grande parte da ilha Manoel, dominando toda a Baía Marsamxett, foi construído em 1726, durante a sua superintendência, tendo sido considerado uma das melhores fortalezas defensivas europeias. A capela, dedicada a Santo António, patrono do Grão-Mestre, foi destruída durante a II Guerra Mundial e não voltou a ser reconstruída.
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Ilha Manoel
Pequena ilha com meio quilómetro quadrado, situada na Baía de Marsamxett, entre Sliema e Lazzaretto, é conhecida em maltês, como IL-Gzira, que significa "a ilha". Os Cavaleiros apercebendo-se das potencialidades da ilha, como um enclave isolado, ali construíram um asilo. No entanto, D. Manuel de Vilhena identificou a importância do "Isoletto" na defesa militar da parte ocidental de La Valletta e ali mandou edificar o Forte Manoel, ficando também o local conhecido como Ilha Manoel.
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Palácio de Vilhena
Trata-se do Palácio dos Grão-Mestres da Ordem de Malta. Alberga hoje o Museu Nacional de História Natural. Instalado no antigo Palácio da Justiça, situado na cidade medieval de Mdina, originalmente serviu de "Università", o Governo local. No início do séc.XVIII, foi construída uma nova entrada na cidade e D. Manuel de Vilhena reestruturou o edifício, tendo servido como a sua residência de Verão, tranformando-o no magnífico Palácio, estilo-Barroco, da actualidade. Um busto de bronze e o seu brasão encontram-se na entrada principal.
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Citta Vilhena
Antevendo o progressivo acréscimo demográfico de La Valletta, Vilhena lançou um plano ambicioso de desenvolvimento urbanístico nos arredores da cidade, em Floriana. Na praça adjacente aos Jardins Maglio, encontra-se a estátua de bronze do Grão-Mestre.
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Moinhos de Vento
Ta'Xarolla (Zurrieq), o único em actividade, contruído pelo Grão-Mestre em 1724. Ta'Kola (Xaghra-Gozo), financiado pela Fundação Manoel, em 1725, por forma a corresponder ao aumento da procura da crescente população maltesa.
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Sepultura na Catedral dos Cavaleiros de São João
Esculpida entre 1727 e 1729, pelo artista florentino Massimiliano Soldani Benzi (1656-1740).