segunda-feira, 3 de julho de 2006

Hospitalários vs Templários - I

A origem dos Templários e dos Hospitalários. Ambiente histórico, religioso e social.

De 1085 a 1095, um decénio de calamidades naturais e de escassez abate-se sobre a Europa, marcando o imaginário colectivo do povo e induzindo os intelectuais a acreditar que o fim dos tempos estava próximo, a recordar as antigas profecias sobre a vinda do Anticristo.
Em 1089 e 1094 duas terríveis epidemias de varicela devastaram as regiões alemãs, provocando altíssimos picos de mortalidade em Ratisbona e na Baviera. A doença causou oito mil mortos em doze semanas e alguns bispos de uma aldeia completamente cheia de cadáveres, de tal modo que não podiam entrar. A mentalidade da época estava certa de que tais flagelos tinham uma função providencial, a de impelir o povo para a penitência e para a redenção; acredita-se na sugestão do sinal que induz as massas a converterem-se, visões de cometas, eclipses, prodígios e cruzes misteriosas que e formam sobre os ombros dos que se colocaram ao serviço de Deus, para manifestar a sua eleição.
A cruzada foi um fenómeno muito complexo de fé popular que envolveu completamente a sociedade europeia atingindo gente comum e impregnando profundamente a actividade dos maiores intelectuais.
A cruzada tinha-se desenvolvido por meio de expedições diversas conduzidas por grandes senhores feudais que alcançaram a Síria – Palestina de forma independente, por via marítima ou por terra. A 15 de Julho de 1099 Jerusalém, uma das maiores fortalezas do mundo medieval, era definitivamente conquistada após um terrível cerco, não sem que alguns bandos de cruzados tenham cometido chacinas sobre a população islâmica persa, contra as disposições tomadas pelos chefes para proteger os cativos.
Por volta do ano 1100, a estrutura dos estados cristãos da Terra Santa era formada por três blocos principais cuja extensão total desenhava uma estreita faixa litoral, que não se juntava no interior: além de Jerusalém, na parte meridional da região, havia mais a norte o principado de Antioquia e o condado de Edessa.
Balduíno era o filho mais novo e ao partir para a cruzada não pudera levar consigo um séquito de guerreiros fiéis, mas devia “herdar” os do séquito do seu irmão que optaram por não regressar à Europa; o contingente de cavaleiros de que podia dispor era formado ou por homens piedosos que tinham feito voto de ficar para sempre na Terra Santa, ou de aventureiros reunidos para enriquecer, e nem uns nem outros poderiam constituir um exército suficiente e fiável.

in BARBARA FRALE, Os Templários, Edições 70, Maio de 2005, pág. 16 e ss.

Sem comentários: