José Anastácio de Figueiredo Ribeiro publicara 5 anos antes, em 1793, a sua História da Ordem do Hospital, de que só saiu a Parte 1, até ao fim do reinado de D. Sancho II, primeira tentativa crítica da história da Ordem, pois a obra de Frei Lucas de Santa Catarina, ficara também incompleta e merecia pouca confiança na apreciação dos documentos que alegou, errando datas, aceitando diplomas falsos ou apócrifos.
José Anastácio de Figueiredo haveria de refundir aquele seu primeiro estudo, no ano de 1800, nos volumes vulgarmente denominados de Nova Malta onde, apesar da falta dos cartórios já por ele e por João Pedro Ribeiro apontada, produziu eruditíssimo trabalho.
Logo a primeira dificuldade foi a de se averiguar quando a Ordem entrou em Portugal. O Códice trecentista, referido por J. P. Ribeiro, e que José Anastácio denomina Antigo Registro de Leça, sumaria os documentos fundamentais, em lacónicas ementas, sempre sem datas. Os erros acastelam-se.
Aponta-se uma doação de Idanha, feita em 1 de Fevereiro de 1106? a D. Egas Gosendes ou Gondesendes e a D. Mourão Gosendes (ou Gondesendes), e a suas mulheres, passando depois deles à Ordem do Hospital. Tal doação, porém, mereceu a Carl Erdmann o juízo de «cronológica e objectivamente impossível e presumivelmente uma falsificação»(in A ideia de cruzada em Portugal, Coimbra, Instituto Alemão da Univ. de Coimbra, 1840), veredicto que Rui de Azevedo não teve dúvida em perfilhar (in «Algumas achegas para o estudo das origens da Ordem de S. João do Hospital de Jerusalém...», in Revista Portuguesa de História, tomo IV, vol.I (1949), pp.317ss.).
Referem-se ainda outras doações de D. Teresa, em datas incertas, mas anteriores a 1128, tais como Goja (S. Pedro do Sul), Cortegaça (Mortágua), herdades entre Bobadela e Oliveira, e outras, mas pelo menos estas últimas liberalidades foram praticadas pela «rainha» D. Teresa, filha de Sancho I (in «Algumas achegas...», RPH, IV,I,p.326.).
De qualquer forma, parece certo que os Hospitalários entraram em Portugal no primeiro quartel do século XII ou logo após, pouco depois da Ordem do Templo. E aqui, com o decorrer dos anos, tiveram grandes herdades e rendas, prestaram notabilíssimos serviços aos nossos primeiros reis na reconquista aos infiéis, e na colonização da terra.
in ALBUQUERQUE, Martim de, "Portugal e a Ordem de Malta...", Edições Inapa, S.A. 1992. p.110 e ss.
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