António Manuel de Vilhena de Noronha, 66º Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros de São João Baptista de Jerusalém, foi um abastado, talentoso e amado, mas integro, aristocrata português de descendência real.
Nasceu em Lisboa a 28 de Maio de 1663, e morreu em Malta a 12 de Dezembro de 1736. Filho de D. Ana de Noronha e de D. Sancho Manuel de Vilhena de Faria, Conde de Vila Flor e Comendador de São Nicolau de Cabeceiras de Baixo, foi um militar de elevada craveira tendo-se distinguido nas batalhas das linhas de Elvas e de Ameixial.
Foi o terceiro Grão-Mestre da Ordem de Malta de origem portuguesa (e não o segundo como se refere aqui, por ignorarem Luis Mendez de Vasconcelos, 54º Grão-Mestre), entre 1722 e 1736, sendo conhecido por Grão-Mestre "Manoel" de Vilhena.
Desde de tenra idade que se alistou na Ordem de S. João de Jerusalém, seguindo ainda jovem para Malta. Na armada maltesa, aos 24 anos já capitaneava um navio que partiu à conquista da Moreia. A sua bravura permitiu-lhe ascensão até ao cargo de Grão-Chanceler da Ordem, em 1703, sendo posteriormente governador do Tesouro. Em 1722, por eleição unânime foi nomeado Grão-Mestre da Ordem de Malta, premiando a sua inquestionável capacidade administrativa e militar.
Tornou-se conhecido em todo o continente europeu pela valentia, mestria e propósito com que combateu um ataque dos turcos, saindo vitorioso e estabelecendo uma trégua de 20 anos com o Grão-Vizir de Constantinopla. Ganharam fama as investidas, que por sua ordem e liderança, os esquadrões malteses acometiam sobre os denominados infiéis, sobremaneira corsários turcos, resgatando grande número de cristãos e espólio de guerra, Embora Malta estivesse de alguma forma bem defendida, com inúmeras fortificações, D. Manuel de Vilhena determinou que a ilha deveria estar protegida contra quaisquer tentativas perpetradas pelos turcos. Assim, dedicou-se à construção de uma das maiores construções defensivas de Malta, o Forte Manoel, obra por ele totalmente custeada.
Entre a grei maltesa, ele foi um benevolente e popular líder, correspondendo à crescente procura de habitação em La Valletta, elaborou um projecto para a construção em Floriana, nos arredores da capital, de um subúrbio ainda hoje chamado de "Citta Vilhena". Ao nível de outras infra-estruturas essenciais para a população, o Grão-Mestre zelou pela constante melhoria de condições de saúde pública e de desenvolvimento social da ilha. Prova do seu interesse pelo bem-estar geral da nação, a edificação de um dos mais importantes palcos culturais do mundo naquela época , o Teatro Manoel.
Em reconhecimento pelos seus notáveis actos de governação, o Papa Benedito XIII concedeu-lhe um distinção apenas digna da realeza, tendo D. Manuel sido o primeiro Grão-Mestre de Malta a merecer tamanha honra. D. Manuel de Vilhena granjeou a admiração de todos os monarcas europeus, incluindo Luis XIV de França, com o qual manteve duradoura amizade.
A afeição que, tanto o povo maltês como os membros da Ordem, nutriam por ele, ficou eternamente patenteada no magnífico mausoléu que lhe foi dedicado na Igreja de São João, em La Valletta, comparável ao dos Médicis de Florença, e considerado o maior e mais deslumbrante túmulo de todos os Grão-Mestres da Ordem de Malta. A inscrição que ali consta dá conta da dimensão deste personagem: "ele não foi eleito, nasceu Príncipe."
Os seus atributos éticos, governativos e militares ficaram registados na história deste pequeno país, pois passados quase 300 anos continua sendo uma figura incontornável do quotidiano Maltês. in Halcon Viagens
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Selecção dos maiores exemplos da intervenção de Vilhena:
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Forte Manoel
Ocupando uma grande parte da ilha Manoel, dominando toda a Baía Marsamxett, foi construído em 1726, durante a sua superintendência, tendo sido considerado uma das melhores fortalezas defensivas europeias. A capela, dedicada a Santo António, patrono do Grão-Mestre, foi destruída durante a II Guerra Mundial e não voltou a ser reconstruída.
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Ilha Manoel
Pequena ilha com meio quilómetro quadrado, situada na Baía de Marsamxett, entre Sliema e Lazzaretto, é conhecida em maltês, como IL-Gzira, que significa "a ilha". Os Cavaleiros apercebendo-se das potencialidades da ilha, como um enclave isolado, ali construíram um asilo. No entanto, D. Manuel de Vilhena identificou a importância do "Isoletto" na defesa militar da parte ocidental de La Valletta e ali mandou edificar o Forte Manoel, ficando também o local conhecido como Ilha Manoel.
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Palácio de Vilhena
Trata-se do Palácio dos Grão-Mestres da Ordem de Malta. Alberga hoje o Museu Nacional de História Natural. Instalado no antigo Palácio da Justiça, situado na cidade medieval de Mdina, originalmente serviu de "Università", o Governo local. No início do séc.XVIII, foi construída uma nova entrada na cidade e D. Manuel de Vilhena reestruturou o edifício, tendo servido como a sua residência de Verão, tranformando-o no magnífico Palácio, estilo-Barroco, da actualidade. Um busto de bronze e o seu brasão encontram-se na entrada principal.
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Citta Vilhena
Antevendo o progressivo acréscimo demográfico de La Valletta, Vilhena lançou um plano ambicioso de desenvolvimento urbanístico nos arredores da cidade, em Floriana. Na praça adjacente aos Jardins Maglio, encontra-se a estátua de bronze do Grão-Mestre.
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Moinhos de Vento
Ta'Xarolla (Zurrieq), o único em actividade, contruído pelo Grão-Mestre em 1724. Ta'Kola (Xaghra-Gozo), financiado pela Fundação Manoel, em 1725, por forma a corresponder ao aumento da procura da crescente população maltesa.
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Sepultura na Catedral dos Cavaleiros de São João
Esculpida entre 1727 e 1729, pelo artista florentino Massimiliano Soldani Benzi (1656-1740).
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