Quanto, em 1834, foram extintas as Ordens Religiosas em Portugal, a Recebedoria da Ordem de Malta funcionava neste Palácio, sito na Rua de São José, no coração da atual cidade de Lisboa.
Após as obras encetadas no limiar do século XIX, este edifício, ainda hoje denominado Palácio da Ordem Soberana de Malta, funcionou como Recebedoria da Ordem e mesmo como residência de alguns dos seus membros e administradores mais destacados.
Após as obras encetadas no limiar do século XIX, este edifício, ainda hoje denominado Palácio da Ordem Soberana de Malta, funcionou como Recebedoria da Ordem e mesmo como residência de alguns dos seus membros e administradores mais destacados.
Aí
residiu, por exemplo, José Guedes Pinto de Carvalho, Comendador de Rossas e
Frossos, comendas sitas no distrito de Aveiro, como resulta do seguinte trecho:
«Em nome de Deos Amen
Saibam quantos este Instrumento de Arrendamento fiança e Obrigaçam virem que no
anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oittocentos e dous
annos aos vinte e sette do mez de Janeiro nesta Cidade de Lisboa Rua Direita de
Sam Joze e Cazas de Rezidencia do Excellentissimo Comendador Joze Guedes Pinto
onde eu Tabellião vim e sendo o mesmo ahi prezente de huma Parte e da outra
estava Bernardo Aranha Lavrador, e morador no lugar de Urrô Freguesia de Sam
Miguel do termo de Arouca Bispado de Lamego pelo Excellentissimo Commendador
Joze Guedes Pinto foi ditto a mim Tabelliam prezentes as testemunhas abaixo assignadas
que hé actual Commendador dos Frossos e Rossos com tudo della pertencente
Dízimos fructos foros pençoens Luctuoza permissoens Sanjoaneiras Direitos de
Covagem de Sepulturas e Montado de fora e todos os mais Rendimentos e
Laudemios, e como tal por esta Escriptura e pella melhor forma de Direito o
Excellentissimo Commendador dá de arrendamento a ditta Commenda ao seu actual
Rendeiro Bernardo Aranha pello tempo de dous anos…».
Em
16 de Janeiro de 1807 a Gazeta de Lisboa fazia anunciar que «Quem quizer arrendar a Commenda de Corveira, da Ordem de Malta, na
Comarca de Chaves, dirija-se à Casa da Recebedoria da mesma Ordem, na rua de S.
José, todos os dias de manhã que não forem festivos.» Pouco antes, em 12 de
Dezembro de 1806, o mesmo periódico anunciava que «Na Casa da Recebedoria da Ordem de Malta, na rua de S. José, há para
vender 3 carruagens de quatro rodas cada huma, em bom uso.»
Ainda no mesmo periódico, mas já em 24 de Abril 1833, pode ler-se: «Arrendão-se a Baliagem, e Commendas de Lessa, e de Távora na Província do Minho; de Poyares, de Corveira, de Algoso, de S. Christóvão, e de Alvações em Trás-os-Montes; da Covilhã e de Aldeia-Velha na Beira-Alta; de Beja no Alem-Tejo; e de Torres Vedras na Estremadura, todas da Ordem de Malta, e a principiar no S. João do corrente anno de 1883: quem as pretender, poderá comparecer todos os dias de manhã, não sendo feriados, na recebedoria da mesma Ordem na rua de S. José n.º 196, aonde se farão saber as condições dos arrendamentos, ou nos locaes das ditas Comendas perante os respetivos Procuradores, authorizados para receberem os lanços offerecidos.».
Com a extinção das
Ordens Religiosas perdeu-se o rumo a muito do recheio da antiga Recebedoria, «…entre o qual existiam “[...] pinturas, estampas, e diversos outros objectos
litterarios, e scientificos [...]”, reunido
para colocar à venda logo em 1835; venda esta que acabou por ser «…suspensa, sendo ordenado ao prefeito da
Estremadura a sua recolha e posterior
entrega ao Depósito das Livrarias».
Antes, porém, em 22 de Dezembro de 1834, por Portaria do Governo mandou-se apresentar um oficial da Torre do Tombo a António Nunes de Carvalho, para receber e fazer conduzir à Torre do Tombo o Cartório que se achava no edifício da extinta Recebedoria da Ordem Soberana de Malta.
Antes, porém, em 22 de Dezembro de 1834, por Portaria do Governo mandou-se apresentar um oficial da Torre do Tombo a António Nunes de Carvalho, para receber e fazer conduzir à Torre do Tombo o Cartório que se achava no edifício da extinta Recebedoria da Ordem Soberana de Malta.
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