Filho
de Giusepe Francesco Nasoni e sua mulher Margaretta Rossi, Nicolau Nasoni nasceu
em 02 de Junho de 1691 na Toscana, Itália.
Ainda
muito jovem Nasoni vai trabalhar numa oficina de Siena, onde aprende pintura,
decoração e arquitectura. Teve como mestres Nasini, Franchim e Vicenzo Ferrati.
Com
apenas 21 anos é o responsável pelo catafalco para a Catedral de Siena, por
ocasião das cerimónias fúnebres de Fernando de Médicis. Trabalho que foi muito
apreciado.
Empolgado,
Nasoni procura inserir-se melhor no meio artístico. Inscreve-se na academia de
artistas – Instituto dei Rozzi, onde é alcunhado “Il Piangollegio”, epiteto
evidente pelos retratos que dele chegaram aos nossos dias. A veia artística do
jovem Nasoni depressa se revela e, em 1715, é o escolhido pelo Instituto para
fazer os trabalhos de decoração para a recepção ao novo arcebispo de Siena,
sobrinho do Papa Alexandre VII.
Anos
mais tarde, ruma à ilha de Malta, onde trabalha o Carro de Marte que desfila no
Cortejo do novo Grão-Mestre da Ordem de Malta. De cerimónia em cerimónia,
Nasoni causa enorme sucesso quer pela riqueza das decorações quer pela técnica
das construções. Uma arte efémera mas que não passa despercebida aos
responsáveis da época. Tanto assim foi que Francisco Picolomini o recomendou ao
português, culto e faustoso, Dom António Manuel de Vilhena, que então se perfilava
para assumir o grão-mestrado da Ordem de Malta.
Uma
vez eleito Grão-Mestre, em 1723, Dom António Manuel de Vilhena desafia Nasoni a
executar a pintura decorativa dos tectos e corredores do Palácio de Malta. Esta
era a verdadeira arte de Nasoni. Utilizando a têmpera e a tela, dominava uma
técnica que criou através da perspectiva a ilusão de formas e espaços – pintura
ilusionista – fazendo surgir jarrões, flores, panos e colunas, enfim, espaços,
cantos e recantos onde eles não existem, nos corredores e tectos do palácio de
La Valleta.
Enquanto
executava este trabalho, muito apreciado, Nasoni estreita relações com o também
português Frei Roque Távora e Noronha, cavaleiro de Malta, que o recomendou a
seu irmão então deão da Sé do Porto, Dom Jerónimo Távora e Noronha, necessitado
de artistas para desenvolver o restauro e melhoramento da Sé do Porto.
Não
é conhecida a data exacta em que Nicolau Nasoni chegou à cidade invicta.
Sabe-se, no entanto, que em Novembro de 1725 iniciou um trabalho de pinturas na
Sé do Porto. Encontrava-se então este edifício de matriz românica em profundas
remodelações e foi um dos primeiros edifícios da cidade a sofrer diversas
adaptações ao estilo barroco. Segundo um documento redigido entre 1717 e 1741
do Cabido da Sé do Porto, em que alude às grandes obras que se mandaram
executar, encontra-se a seguinte nota:
«Para se fazerem com
perfeição e acerto todas as obras, e se evitar o perigo de se desmancharem e
fazerem 2ª vez por falta de preverem os erros, vieram não só de Lisboa, mas de
outros reynos, arquitectos e mestres peritos nas artes a que erão respectivas
as obras. Veyo Niculau Nazoni arquitecto, e pintor florentino exercitado em
Roma, donde foi chamado a Malta para pintar o pallacio do Grão M(estre)…».
Finda
a sua primeira obra nesta cidade, que tanto lhe agradou, Nasoni deixou escrito,
em forma de reconhecimento a quem o recomendou, o seguinte: “NICCOLO NASONI
FIORENTINO NATURALE DELLA TERRA DI S. GIOVANI VAL DARNO D. SOPRA DIE A DI
PINGERE IN QUESTA SE IL 9RE DE 1725 E ORA 1731 E VENE PER MEZZO VENE DEL S.R.
DECANO GIROLAMO TAVORA E NOROGNA”.
É
durante a execução dos trabalhos na Sé que Nasoni conhece a sua primeira mulher,
com quem casou em 1729. Casamento efémero como os seus primeiros trabalhos, no
entanto. Natural da Florência, Isabel Castriotto Ricardi, não resiste às complicações
com o parto do seu primeiro filho – José Nasoni, que lhe sobreviveu em 25 de
Junho de 1730. Porém, Nicolau não permaneceu viúvo por muito tempo. As
encomendas sucediam-se e estava agora com um filho nos braços.
O
próprio deão Dom Jerónimo de Távora e Noronha promoveu as segundas núpcias de
Nasoni com a empregada de companhia de Sua mãe Dona Micaela, a jovem Antónia
Mascarenhas Malafaia, que veio de Santo Tirso e teve ascendentes em Arouca.
Sucedeu-se
uma carreira de sucesso na região norte do país, com trabalhos notáveis, de que
é ex-libris a Torre dos Clérigos de que hoje mesmo passa o seu 250º
Aniversário.
Retrato de Nicolau Nasoni Pintura a Óleo, patente na entrada da Torre dos Clérigos |
O
último e discreto suspiro de Nasoni soou no dia 30 de Agosto de 1773. A
Irmandade dos Clérigos Pobres, que anos antes o tinha admitido como membro,
encarregou-se de lhe dar sepultura, como era usual fazer com os irmãos:
«… faleceu da Vida
pres.te com todos os Sacram.tos o N. Irmão D. Nicolão Nasoni morador na Viella
do Paj Ambrosio Freg.ª de Stº Ildefº e foi sepultado nesta igreja sendo
asestido p.la Irmandade como pobre e se lhe fiserão os três ofícios como também
o da sepultura.».
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