quinta-feira, 25 de abril de 2013

A propósito da relíquia de S. Brás doada pelos Hospitalários à rainha Santa Mafalda de Arouca

Entre os bens e objectos incluídos no testamento com que morreu a Beata Mafalda de Arouca, dita Rainha e Santa, em 01 de Maio de 1256, constava uma relíquia que lhe fora doada pela Ordem dos Hospitalários e que Dona Mafalda deixou à Ordem dos Franciscanos do Porto. Tratava-se, nada mais, nada menos, que do queixo inferior com três dentes do mártir S. Brás, bispo e santo católico que viveu entre os séculos III e IV na Arménia. Uma das mais significativas relíquias introduzidas em Portugal por esta Ordem.
Festejada a 2 de Maio pela Igreja Católica, a denominada e venerada por rainha santa Mafalda de Arouca foi beatificada pelo Papa Pio VI em 27 de Junho de 1792.
 
Túmulo de ébano e prata onde repousa o corpo da rainha Santa Mafalda
Igreja do Mosteiro de Arouca
Mafalda foi a nona dos onze filhos d’El-Rei D. Sancho I e de Dona Dulce de Barcelona, neta d’El-Rei D. Afonso Henriques e Dona Mafalda de Sabóia, da qual herdou o nome.
Em 1215, Mafalda subiu ao altar com Henrique I de Castela, mas, como alegadamente seriam parentes e eram ambos ainda muito jovens, não se considerou consumado o casamento, sendo dissolvido no ano seguinte. Henrique de Castela faleceu pouco depois, em 1217.
A Infanta Dona Mafalda, que terá nascido entre 1195 e 1196, regressou então a Portugal, onde, pouco depois, se recolheu no Mosteiro de Arouca, de que veio a ser Abadessa e Padroeira.
 
Antes, porém, ainda que por pouco tempo, terá permanecido nas imediações do Mosteiro de Leça do Balio, onde estreitou relações com a Ordem dos Hospitalários então aí sediada. Desta Ordem recebeu as maiores atenções e considerações, como bem se percebe pela doação da importante relíquia do mártir S. Brás. Mas, também dos bons ofícios e até protecção desta Ordem beneficiou Dona Mafalda, nomeadamente, quando teve que se defender de impugnações a disposições testamentárias promovidas pelo seu próprio irmão e futuro rei de Portugal, D. Afonso II.
 
Seu pai, El-Rei D. Sancho I, segundo rei de Portugal, em 1196, doou-lhe o Mosteiro de S. Salvador de Bouças (em Matosinhos) e destinou-lhe também o de Tuias (perto de Amarante). No seu testamento de Outubro de 1210, D. Sancho I legou-lhe o Mosteiro de Bouças – que afinal já era seu – o de Arouca, a herdade de Seia, que fora de sua mãe, e certos montantes em numerário. Após a morte de Sancho I, seu filho, D. Afonso II, impugnou largamente este testamento, sobretudo devido às dádivas de terras acasteladas a suas irmãs Teresa e Sancha. Mafalda, no entanto, apartou-se rapidamente deste diferendo, entregando Bouças e Vilar de Sande à Ordem do Hospital. Em troca, ficou a Infanta Mafalda de Portugal com o usufruto da Comenda de Rio Meão, bem mais próxima do seu Mosteiro de Arouca, onde a Ordem possuía já também a Comenda de Rossas.
 
No próximo dia 2 de Maio e à semelhança do ano transacto, uma delegação da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da Ordem Soberana e Militar de Malta deslocar-se-á à vila de Arouca onde participará nas festividades em Honra da Beata Mafalda.

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