Entre
os bens e objectos incluídos no testamento com que morreu a Beata
Mafalda de Arouca, dita Rainha e Santa, em 01 de Maio de 1256, constava uma relíquia que lhe fora
doada pela Ordem dos Hospitalários e que Dona Mafalda deixou à Ordem dos Franciscanos
do Porto. Tratava-se, nada mais, nada menos, que do queixo inferior com três
dentes do mártir S. Brás, bispo e santo católico que viveu entre os séculos III e IV na Arménia.
Uma das mais significativas relíquias introduzidas em Portugal por esta Ordem.
Festejada
a 2 de Maio pela Igreja Católica, a denominada e venerada por rainha santa Mafalda
de Arouca foi beatificada pelo Papa Pio VI em 27 de Junho de 1792.
Túmulo de ébano e prata onde repousa o corpo da rainha Santa Mafalda Igreja do Mosteiro de Arouca |
Mafalda
foi a nona dos onze filhos d’El-Rei D. Sancho I e de Dona Dulce de Barcelona,
neta d’El-Rei D. Afonso Henriques e Dona Mafalda de Sabóia, da qual herdou o
nome.
Em
1215, Mafalda subiu ao altar com
Henrique I de Castela, mas, como alegadamente seriam parentes e eram ambos
ainda muito jovens, não se considerou consumado o casamento, sendo dissolvido
no ano seguinte. Henrique de Castela faleceu pouco depois, em 1217.
A
Infanta Dona Mafalda, que terá nascido entre 1195 e 1196, regressou então a
Portugal, onde, pouco depois, se recolheu no Mosteiro de Arouca, de que veio a
ser Abadessa e Padroeira.
Antes,
porém, ainda que por pouco tempo, terá permanecido nas imediações do Mosteiro
de Leça do Balio, onde estreitou relações com a Ordem dos Hospitalários então
aí sediada. Desta Ordem recebeu as maiores atenções e considerações, como bem
se percebe pela doação da importante relíquia do mártir S. Brás. Mas, também
dos bons ofícios e até protecção desta Ordem beneficiou Dona Mafalda,
nomeadamente, quando teve que se defender de impugnações a disposições
testamentárias promovidas pelo seu próprio irmão e futuro rei de Portugal, D.
Afonso II.
Seu
pai, El-Rei D. Sancho I, segundo rei de Portugal, em 1196, doou-lhe o Mosteiro
de S. Salvador de Bouças (em Matosinhos) e destinou-lhe também o de Tuias
(perto de Amarante). No seu testamento de Outubro de 1210, D. Sancho I legou-lhe
o Mosteiro de Bouças – que afinal já era seu – o de Arouca, a herdade de Seia,
que fora de sua mãe, e certos montantes em numerário. Após a morte de Sancho I,
seu filho, D. Afonso II, impugnou largamente este testamento, sobretudo devido
às dádivas de terras acasteladas a suas irmãs Teresa e Sancha. Mafalda, no
entanto, apartou-se rapidamente deste diferendo, entregando Bouças e Vilar de
Sande à Ordem do Hospital. Em troca, ficou a Infanta Mafalda de Portugal com o
usufruto da Comenda de Rio Meão, bem mais próxima do seu Mosteiro de Arouca,
onde a Ordem possuía já também a Comenda de Rossas.
No
próximo dia 2 de Maio e à semelhança do ano transacto, uma delegação da
Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da Ordem Soberana e Militar de Malta deslocar-se-á
à vila de Arouca onde participará nas festividades em Honra da Beata Mafalda.
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