“Ordens de Cavalaria em Barcelos”, é o tema de uma
exposição que se encontra patente ao público na Sala Gótica dos Paços do
Concelho do Município de Barcelos, até ao dia 20 de Abril. A Sessão de Abertura
da Exposição teve lugar no passado dia 14 e contou com a participação de S.E. o
Senhor Coronel António Feijó de Andrade Gomes, Grã-Cruz de Graça e Devoção em
Obediência da Ordem Soberana e Militar de Malta.
A Ordem de Malta, como não poderia deixar de ser, é uma das Ordens
representadas nesta exposição. Com efeito, teve esta Ordem consideráveis
domínios no território dessa hoje bela cidade e maravilhosa região do país, cujas
primeiras possessões terão resultado de
uma doação datada de 19 de Julho de 1145, através da qual o arcebispo de Braga
D. João Peculiar doou aos freires da então denominada Ordem de São João do
Hospital e suas instituições, aí representados por «…dommo Pelagio Hospitalis Iherosalem sollicito procuratori…», os
bens que Pedro Ourives e esposa edificaram em Braga. Mas, da
presença marcante e significativa da Ordem do Hospital de São João de
Jerusalém, mais tarde dita também de Rodes e de Malta, há ainda hoje marcas em
muitos bens e propriedades do município, com reflexo inclusive no brasão
autárquico da freguesia de Arcozelo, no qual figura a cruz oitavada de malta.
Aparece
este território referido nas Inquirições de 1220 como «Santo Mamede de Arcozelo», fazendo
parte da terra do Neiva, cuja região terá então integrado um couto com largos
domínios já então detidos pelos Cavaleiros Hospitalários, por via de diversas
liberalidades da Igreja e do Reino, nomeadamente, de Dona Teresa Afonso, filha
bastarda de D. Afonso Henriques. Liberalidades que aumentaram e de que se dá
nota nas Inquirições de 1290 onde se refere que o "couto de Santa Marta" pertencia à Ordem de São João. Entretanto,
Santa Marta veio a unir-se a São João Baptista de Chavão que, por força de uma
composição de 1173 havia também passado a pertencer à Ordem do Hospital, com as
muitas pertenças da comenda, de que foi cabeça, pelas vizinhanças de Braga. Por
outra composição, datada de 13 de Abril de 1216, entre D. Estêvão Soares,
arcebispo de Braga, e D. Mendo, prior do Hospital, ficou este com a
apresentação da Igreja de Chavão, competindo ao arcebispo a confirmação.
Sobre
a denominada Casa Conventual de Chavão, chegou-nos a notícia de que se tratava
de um edifício baixo, comprido, de traça simples e humilde, tocando de topo com
o adro da igreja matriz. Entre
esse edifício e a Igreja, um formoso portão que dá entrada a um largo terreiro interior
fechado do nascente pela Residência Paroquial, do sul por dependências da Casa
do Comendador, do poente por esta casa e do norte pela igreja e pelo dito
portão, com a sua porta em arco, encimado por uma cruz, tendo ao centro
esculpida uma outra de Malta e por baixo desta a seguinte inscrição: «ESTA. OBRA. MANDOV. FAZER. O. COMDRO. DE.
CHAVAM. FR. ÁLVARO. AONI. DE. SOV-SA. E. AS MAIS. DA. CAZA. DA. REDENCIA. E. CAPELA-MOR».
De
Santa Marta, terras da freguesia de Arcozelo, nos arrabaldes da vila de Barcelos,
subsiste ainda hoje um velho casarão, que serve de habitação a caseiros, e a
alguns campos e bouças circunjacentes. Ao lado desta casa, para o norte, terá
existido uma antiquíssima capela com a sua frontaria virada ao poente, pequena,
baixa e com um alpendre à frente. Na fachada terá existido uma bela cruz de
Malta em pedra, que terá sido piedosamente recolhida no Museu Municipal, aquando
da demolição daquela. Entre a capela e a casa também um outro portal, na
padieira do qual se podia ler a seguinte inscrição: «ESTA. OBRA. MADOV. FAZER. F. I. DE. FARIA. DE. ANDRADE. COMÊDADOR. DE.
CHABOM. E. S. MARTA. FIDALGVO. DA CASA. DEL REI. DOM. SEBASTIOM. NO. SEGVMDO.
ANO. QVE. EMTROV EM. REMDA. 1562».
Pelo Inquérito
Paroquial de 1758, a freguesia de São João Baptista de Chavão de Malta
encontrava-se pertencer à Comarca e termo da vila de Barcelos, Arcebispado
Primaz de Braga. O pároco era então Vigário colado, da apresentação in solidum do Comendador da mesma
freguesia e Comenda de Chavão e Santa Marta, sua anexa. Era tudo da Sagrada
Religião de Malta e o seu Comendador era então o Venerando Frei Bernardo Pais
de Castelo Branco, da Vila de Mangualde da Beira.
Foi
esta comenda extinta por força do Decreto de 30 de Maio de 1834, no âmbito da
"Reforma Geral Eclesiástica", executada pela Comissão da Reforma
Geral do Clero (1833-1837), que ditou a extinção das Ordens Religiosas em
Portugal.
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