terça-feira, 4 de setembro de 2012

Visita à antiga Comenda de Montoito, Redondo




No passado fim-de-semana estivemos de visita à antiga e extinta Comenda de Montoito, no concelho de Redondo, distrito de Évora. Outrora anexa à Comenda de Elvas, trata-se de uma das comendas que a Ordem de Malta administrou mais a Sul do território português.
O topónimo Montoito, derivado de monte-outo, que deu Montouto e depois Montoito, parece advir de oito montes alentejanos, cujo trabalho e incremento agrícola deram origem ao agregado populacional que é agora o povoado.
O povoado terá sido fundado em 1270, com a outorga de Foral por Pero Anes e sua mulher, chegando a sede de concelho entre 1517, com a outorga de Foral Novo por D. Manuel I, em 25 de Outubro. Manteve a categoria de Vila e sede de concelho até ao início do século XIX. Pelo Decreto de 12 de Julho de 1895 a Vila foi anexada ao Concelho do Reguengos de Monsaraz, voltando para o de Redondo pelo Decreto de 13 de Janeiro de 1898.
Dentre o património edificado, assume maior destaque a igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, situada no extremo Sul da localidade, pegada ao cemitério. E a igreja do Espírito Santo que está no centro da povoação, destacando-se no frontispício da mesma a Cruz de Malta sobre a data de 1603. Há ainda tradição da existência de um hospício anexo com “a roda dos enjeitados”, dependente da Ordem de Malta que funcionava como Misericórdia, e que está perpetuado no nome da travessa onde existiu: Travessa do Hospital.
Muitos aspectos da história de Montoito e nomeadamente da presença da Ordem de Malta nesse território estão ainda por trabalhar e, por isso, muito salutar e profícuo seria certamente o estreitamento de relações entre a Junta de Freguesia de Montoito e as actuais estruturas representativas da Ordem de Malta em Portugal.
Entretanto, para além de outra documentação, chamamos a atenção para os seguintes documentos fundamentais para a história de Montoito e da Ordem de Malta, que podem ser consultados na Biblioteca Pública de Évora:

- Livro de Estabelecimentos da Ordem Militar de São João de Jerusalém (1575); com listagem dos Mestres da Ordem e cópias de documentos desde 1489.
- Traslado de diversos privilégios pontifícios concedidos à Ordem, solicitado por Fr. António Vaz da Cunha, Comendador de Távora e Aboim (1529).
- Livro de registo das provisões, ordens e matrículas dos privilegiados e mais papéis que se mandaram registar na província de Montoito da jurisdição de S. João de Jerusalém em Malta.
- Maço com documentação diversa relativa à Comenda de Montoito: testamentos, autos cíveis, citatórias, etc.

3 comentários:

Jose Pereira disse...

Foi com satisfação que soube da vossa visita a Montoito, não sei se visitaram a Sociedade União Montoitense e o Castelo Real de Montoito, pois não vi qualquer referencia. Muito obrigado e bem hajam.

Paula Gomes disse...

Uma pena que a Ordem de Malta so da importancia a lugares quando eles trazem lucro. Vejam o estado que deixaram este patrimonio cair, com grande parte dos nossos tesouros "perdidos" e outros a cair aos bocados. Surpreende-me que tenham visitado Montoito e arredores, devem ter estado a caminho de algures mais ao seu gosto.

António Brandão de Pinho disse...

Ex.ma Senhora Paula Gomes,

Eu próprio tomei a iniciativa de organizar e integrar as duas visitas oficiosas já realizadas a Montoito, como, de resto, a muitas outras antigas Comendas da Ordem de Malta.
E, uma vez que revela desconhecer a história das Ordens Religiosas em Portugal, nomeadamente a história da Ordem de Malta e concretamente a história da Sua presença em Montoito, disponibilizo-me para lhe responder a qualquer questão concreta e objetiva que pretenda colocar, nomeadamente no que diz respeito ao património que outrora pertenceu e/ou foi administrado pela Ordem em Portugal.

Com os meus cumprimentos,
A. J. Brandão de Pinho