A propósito da época cristã que estamos a viver, vale a pena fazer aqui notícia e trazer à memória um dos tesouros mais emblemáticos da Sé de Évora – a Relíquia do Santo Lenho (na imagem) -, cuja história da sua introdução em Portugal está ligada à Ordem do Hospital de São João de Jerusalém, nomeadamente, à acção do seu Prior Frei Afonso Peres Farinha, que a terá trazido da Palestina, no tempo das Cruzadas.
É por via da história e circunstância da introdução da Relíquia do
Santo Lenho em Portugal, nomeadamente em Vera Cruz de Marmelar, Portel (que se pode consultar aqui), onde inicialmente se guardou e onde hoje se
encontra parte da mesma, que se compreende a verdadeira história da Relíquia do
Santo Lenho da Sé de Évora.
Dispomos
já hoje de vários trabalhos sobre ambas as Relíquias, alguns dos quais,
nomeadamente no caso da Sé de Évora, no entanto, acabam por se debruçar mais sobre os relicários
do que sobre as relíquias, descurando, também assim, a origem e história das respectivas relíquias, em benefício da história dos relicários.
Servimo-nos,
pois, de uma descrição feita aquando da Visitação Geral da Ordem de Malta às
Suas Comendas nas Províncias da Estremadura e Alentejo, nas Comendas de
Santarém, Torres Vedras, Torres Novas e Landal, Vera Cruz e Portel, Elvas e
Montoito, em 1744, para dar esta nota.
«Tem esta Igreja uma insigne, milagrosa e
venerável Relíquia do Santo Lenho em forma de cruz Patriarcal, embutida num
relicário de prata de filigrana formado de custódia com vidro, e se conserva
com toda a veneração fechada em um nicho de pedra mármore dourada com capa e
cortina com lâmpada de prata quotidianamente acesa, expondo-se no dia da
invenção da Vera Cruz de 3 de Maio e da sua exaltação a 14 de Setembro em cujos
dias concorre um numerável povo à referida Igreja, como também nos mais dias do
ano levado da veneração e fé que têm na Santa Relíquia que é prodigiosa para
todos os males e enfermidades e principalmente para os vexados e possessos do
Demónio e é tradição antiga de que se faz memória nos Tombos desta Comenda que
Frei Afonso Peres Farinha, Prior que foi do Hospital neste Reino trouxera esta
Santa Relíquia de Jerusalém no ano de 1271 e que vindo destinada para a Sé de
Évora, ao passar por esta localidade, a mula que a trazia não passou adiante.
Assim que lhe foi retirada a Santa Relíquia, de repente começou a brotar um
canal de água que ainda hoje se preserva com o título de Fonte Santa, e à mesma
Sagrada Relíquia se atribui a glória da famosa Batalha do Salado no ano de
1340, aonde a instancias d’El-Rei D. Afonso IV, a conduziu D. Álvaro Gonçalves
Pereira, Grão Prior do Crato, e voltando da Batalha foi servida a Magestade do
dito Senhor se partisse a mesma Sagrada Relíquia em duas partes iguais ficando
uma parte nesta Igreja da Vera da Cruz, e indo a outra como foi para a Sé de
Évora de sorte que no seu principio tinha perto de dois palmos de comprimento
com dois braços iguais, um no cimo e outro abaixo, o que tudo se declarou nos
tombos desta Comenda referindo-se a crónica do dito Senhor e outros autores».
in ANTT - Ordem de Malta, Visitações, Livro n.º 15, folha 364v e seguintes.
De entre todas as relíquias, a mais venerada é sem dúvida a do Santo Lenho, a da Cruz em que Jesus foi crucificado. Descoberta no século IV, em Jerusalém no monte Calvário, por Santa Helena, mãe do imperador Constantino I, foi repartida entre o Oriente e o Ocidente e distribuída ao longo dos séculos em pequeníssimos fragmentos por toda a Cristandade. Até muito recentemente, era preocupação das paróquias possuírem a sagrada relíquia, resguardada em relicários e sacrários especiais e, por vezes conforme as rubricas litúrgicas, substituindo a eucaristia na bênção dos fiéis e, sobretudo, nas procissões com a honra de ser transportada sob o palio.
in Inventário Artístico da Diocese de Évora.
in ANTT - Ordem de Malta, Visitações, Livro n.º 15, folha 364v e seguintes.
De entre todas as relíquias, a mais venerada é sem dúvida a do Santo Lenho, a da Cruz em que Jesus foi crucificado. Descoberta no século IV, em Jerusalém no monte Calvário, por Santa Helena, mãe do imperador Constantino I, foi repartida entre o Oriente e o Ocidente e distribuída ao longo dos séculos em pequeníssimos fragmentos por toda a Cristandade. Até muito recentemente, era preocupação das paróquias possuírem a sagrada relíquia, resguardada em relicários e sacrários especiais e, por vezes conforme as rubricas litúrgicas, substituindo a eucaristia na bênção dos fiéis e, sobretudo, nas procissões com a honra de ser transportada sob o palio.
in Inventário Artístico da Diocese de Évora.
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